NÃO HÁ FRALDAS QUE CHEGUEM…

O secretário-geral do MPLA, Paulo Pombolo, reiterou este sábado, em Ndalatando, o já velhinho (tem 49 anos) compromisso de continuar a dizer que o governo vai trabalhar para gradualmente equacionar os problemas que afectam a população.

Ao falar num acto político de massas (dólares ou euros?), o dirigente do MPLA declarou que o seu partido vai reforçar, junto dos departamentos ministeriais, as preocupações colocadas pelo primeiro secretário provincial e governador (obviamente nomeado pelo MPLA) da província para dar solução às inquietações da população.

Paulo Pombolo sublinhou que, a par dos problemas colocados, o primeiro secretário provincial no Cuanza-Norte (João Diogo Gaspar), nas vestes de governador da província, apresentou o relatório dos 100 dias de governação.

Indicou que, além deste relatório, a ser apresentado ao Titular do Poder Executivo, general João Lourenço, o primeiro secretário apresentou um conjunto de soluções para que os problemas que a população no Cuanza-Norte ainda enfrenta sejam resolvidos.

Noutra vertente, fez saber que a força do MPLA reside na afirmação das suas estruturas de base, suportadas pelos militantes com o apoio de amigos e simpatizantes do partido que, no seu conjunto, devem ultrapassar – provavelmente – 36 milhões de angolanos.

Paulo Pombolo recomendou maior atenção no funcionamento dos CAP (Comités de Acção do Partido) e ao dinamismo na eleição (por nomeação e escolha directa do Presidente) de novos dirigentes do partido.

O secretário-geral do MPLA pelou também à correcção de erros do passado (todos por culpa remota dos colonialistas portugueses e actual por culpa da UNITA e similares) e à eleição de dirigentes que coloquem em funcionamento os CAP e sejam capazes de responder os desafios actuais e futuros do partido, nem que para isso tenham – como aconteceu com o próprio Paulo Pombolo – de remover a coluna vertebral e fazer uma ligação directa entre o cérebro, por muito exíguo que seja, e os intestinos.

Entretanto, o primeiro secretário provincial do MPLA solicitou a intervenção do secretário-geral do partido para a solução de vários problemas, como a construção de mais vias de comunicação para incentivar a produção agrícola, a questão da saúde pública, educação, entre outros. Ou seja, começar a fazer tudo aquilo que o MPLA promete há 49 anos mas que ainda não teve tempo de concretizar.

POMBO(LO) VOA, VOA, VOA…

No passado dia 4 de Março de 2022, o secretário-geral do MPLA dirigiu aos dirigentes do partido e militantes, neste ano de eleições, uma mensagem mobilizadora e de convencimento “para atrair mais eleitores”.

Paulo Pombolo discursava na abertura da I Reunião Metodológica Nacional sobre a Organização do Trabalho do MPLA para analisar a directiva sobre o trabalho a ser realizado antes, durante e depois das eleições.

“A nossa mensagem política deve ser mobilizadora e de convencimento para atrair mais eleitores. Temos vários elementos que sustentam a nossa palavra, não falamos em vão e nem tão pouco no vazio”, referiu Paulo Pombolo na sua intervenção emitida pela rádio privada do MPLA.

Segundo Paulo Pombolo, o discurso do partido é “de obras e de realizações visíveis, que vão resolvendo os problemas do povo”, razão pela qual, nos 49 anos que leva de Poder, o MPLA já tenha “reduzido” o número de pobres para… 20 milhões.

“Os cabos eleitorais do MPLA devem incidir a sua acção nas comunidades, identificando os potenciais eleitores, homens, mulheres, jovens, antigos combatentes e outros segmentos da população, apelando o voto no MPLA”, exortou. É, aliás, um trabalho simples, como muito bem sabe Paulo Pombolo.
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No encontro participam os primeiros secretários provinciais do partido, membros do secretariado das comissões executivas dos comités provinciais, direcção executiva da OMA [órgão feminino do partido], do secretariado nacional da JMPLA [órgão juvenil do partido], deputados e directores do Comité Central.

Quando o Pombo(lo) correio arrulha

No dia 11 de Maio de 2019, Paulo Pombolo considerou – depois de bem assimilada a ordem superior – “muito graves” as declarações da então deputada do MPLA Tchizé dos Santos, que na véspera disse que defendia a destituição do Presidente da República (e do MPLA), João Lourenço.

Segundo Paulo Pombolo, o partido tem órgãos próprios – Comissão Nacional de Disciplina e Auditoria – e iria analisar as declarações da filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos à luz dos estatutos partidários e, quiçá, do direito de opinião e de indignação que a deputada afirmava não ter.

“Exigir a destituição do Presidente João Lourenço? Acusar o Presidente de ser um ditador? De estar a fazer um golpe de Estado às instituições em Angola? Tem provas? São palavras absurdas e declarações graves, muito graves, que o partido vai analisar”, afirmou Paulo Pombolo, garantindo que a expulsão de “Tchizé” dos Santos não estava sequer equacionada.

Paulo Pombolo acrescentou que o assunto iriai ser ainda debatido pela Comissão de Disciplina, pelo que não podia antecipar seja o que for sobre uma eventual decisão de órgãos que são “independentes e autónomos”. Tão independentes e autónomos que Pombolo se sentiu na necessidade de classificar as declarações de “Tchizé” dos Santos. Certo é que, convém reconhecer em abono da verdade, todos os militantes (e ainda mais os deputados) têm toda a liberdade para dizerem o que pensam, desde que o que pensam seja igual ao que pensam os dirigentes do partido, sobretudo o general Presidente.

Paulo Pombolo lembrou que o partido “não tem por norma” discutir os assuntos internos na “praça pública”, tanto mais que “Tchizé” dos Santos, que estava a residir no Reino Unido, integrava na altura o Comité Central do MPLA, cujos membros têm responsabilidades acrescidas, superiores às dos militantes de base.

“A camarada Tchizé dos Santos, como membro do Comité Central, sabe que há regras e normas a cumprir e está a portar-se mal”, afirmou Paulo Pombolo, lembrando que tudo começou com uma carta do grupo parlamentar do MPLA, data de 7 de Maio (2019), a “aconselhar” a deputada a suspender temporariamente o mandato por estar ausente do Parlamento há mais de 90 dias.

Questionado sobre o que poderia acontecer se “Tchizé” dos Santos não o fizesse – alega razões de segurança pessoal e de perseguições políticas e intimidações feitas por dirigentes do partido -, Paulo Pombolo indicou que, em última análise, e à luz do Regimento da Assembleia Nacional e do Estatuto de Deputado, o MPLA, o seu próprio Grupo Parlamentar e até o próprio Presidente do Parlamento podem decidir a suspensão temporária do mandato.

“Se a camarada Tchizé dos Santos não o fizer por iniciativa própria, corre o risco de ser suspensa das funções. O grupo parlamentar pode fazê-lo, assim como o próprio partido ou até o Presidente da Assembleia Nacional”, referiu.

“O que fizemos [na carta do grupo parlamentar] foi facilitar o trabalho da deputada [sugerindo que solicitasse a suspensão temporária do mandato]. Já passaram 90 dias e o MPLA não pode continuar sem um deputado no Parlamento. As regras são do parlamento e não do partido”, insistiu na mesma altura.

Paulo Pombolo disse não compreender porque é que “Tchizé” dos Santos não solicitava a suspensão do mandato de deputada, eleita nas presidenciais e legislativas de Agosto de 2017, uma vez que a Assembleia Nacional garantia o regresso ao assento parlamentar assim que voltar ao país.

Paulo Pombolo afirmou que “Tchizé” dos Santos, na carta que dirigiu ao Presidente da Assembleia Nacional para justificar a saída do país, alegou razões de saúde dos filhos e não fez por questões de insegurança ou de perseguições.

“Tchizé” sabia bem que em Angola continuam a vaguear muitas balas perdidas e, por isso, não dizia, nem diz, tudo o que pensa e pensa muito bem no que diz. Mas, reconheça-se, nem sempre foi assim.

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